O ministro da Agricultura, Wagner Rossi, enviou carta de demissão à presidente Dilma Rousseff ontem, após a Polícia Federal anunciar investigação sobre as denúncias contra a pasta. Depois de Antônio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes) e Nelson Jobim (Defesa), Rossi é o quarto ministro a sair do governo em oito meses.
A relação do ministro da Agricultura, Wagner Rossi, com o lobista Júlio Fróes – que teria atuado durante meses dentro do ministério – será investigada pela Polícia Federal. Um inquérito foi aberto na segunda-feira, e o ex-presidente da Comissão de Licitação do ministério Israel Batista já prestou depoimento. Dentre as denúncias que surgiram na imprensa contra o ministério, estão o uso eleitoral da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e suposto tráfico de influência.
Além disso, o jornal Correio Braziliense denunciou que Rossi teria utilizado um avião de uma empresa que depende de autorizações do Ministério da Agricultura para vender seus produtos. A Ourofino Agronegócio trabalha com agrotóxicos, sementes e saúde animal e colocou à disposição do ministro e de seu filho Baleia Rossi (PMDB-SP), deputado estadual, um avião Embraer Phenon 100 avaliado em US$ 7 milhões.
Em sua carta de demissão, Rossi ataca a imprensa e afirma ter sido alvo de “uma saraivada de acusações falsas”. “Durante os últimos 30 dias, tenho enfrentado diariamente uma saraivada de acusações falsas, sem qualquer prova, nenhuma delas indicando um só ato meu que pudesse ser acoimado de ilegal ou impróprio no trato com a coisa pública”, afirma.
Segundo um assessor da vice-presidência que pediu para não ser identificado, Rossi procurou na tarde de ontem o vice-presidente Michel Temer, seu padrinho político, e disse que levaria a carta de demissão para a presidente Dilma Rousseff. O assessor afirmou que os dois foram até o gabinete da presidente e o então ministro formalizou sua decisão.
Senadores da oposição afirmaram que o pedido de demissão do ministro representa a “confissão de culpa” do peemedebista - acusado de patrocinar um esquema de corrupção na pasta. DEM e PSDB acreditam que a demissão vai “azedar” a relação do PMDB com o governo federal. “Quem pede demissão acata as denúncias como verdadeiras. As respostas do ministro não convenceram. Teremos mais um foco de insatisfeitos no governo, o que pode permitir que a CPI da Corrupção se torne realidade no Congresso”, disse o líder do PSDB, senador Alvaro Dias (PR).
O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), afirmou que “ninguém pede demissão sem ter culpa”, o que demonstra que Rossi não tinha argumentos para se defender das acusações. “O que a Dilma disse, que confiava em todos os ministros, não tem procedência.” Disposta a instalar a CPI da Corrupção para investigar denúncias no governo, a oposição quer aproveitar a queda de mais um ministro para buscar apoio na base governista. DEM e PSDB vão procurar insatisfeitos do PMDB para que assinem o pedido de instalação da CPI. (Tribuna da Bahia).
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